15 outubro, 2007

Feira de Frankfurt







APEL/UEP –
As duas associações estão cada vez mais próximas da fusão, mas o caminho é tortuoso e anda minado aqui e ali. Depois do acordo histórico que permitiu (com mediação da Casa Fernando Pessoa) a realização conjunta da Feira do Livro de Lisboa, houve também o fim de processos judiciais. O caminho está aberto e é importante que continue. Este ano, o espaço era quase comum. Bom sinal.

Campo das Letras – A Campo das Letras, que acaba de publicar a nova edição de A Grande Arte, de Rubem Fonseca, vai lançar a obra de Schiller em português. Um acontecimento.

Catalunha Era o país-tema. Houve bastante polémica acerca dos autores convidados; mas, mais provinciana do que a decisão do comité organizador ao não convidar autores que tivessem “traído” – escrevendo em castelhano – só o provincianismo de quem pensa que isso é importante para a Buchmesse. O stand catalão era muito minimal, moderno, atraente, sem informação relevante.

Clancy Martin – O The New York Times aponta-o como exemplo das pobres novidades da Feira: é um pacato professor de filosofia, especialista em Nietzsche e Kierkegaard, e autor de um romance de estreia, How to Sell.

Comboio – Perdemos, todos, um grande momento: o instante em que Manuel Alberto Valente desce do comboio na Hauptbahnof, em Frankfurt, depois de atravessar a Europa. É uma viagem histórica, e que traduz o medo de voar de Manuel Valente. Este ano, foi uma das ausências mais notadas.

Convidados – Os próximos convidados da Buchmesse são a Turquia e a China. Depois de criticado e ameaçado no seu país (por causa da questão arménia e da questão curda), Orhan Pamuk tinha lugar de destaque no pavilhão oficial turco; para o lançamento da feira do próximo ano, Pamuk vinha a calhar. Curiosamente, um dos debates da Buchmesse andava à volta da censura na Turquia e na China. Ah, o negócio. [Por falar em China, o novo e mais do que promissor negócio do Fodor’s Guide to Beijing: 2008 Olympics Edition, que venderá bastante, esteve na base de um acordo entre a Random House e a Beijing Publishing House, que o co-produzirão; a HarperCollins já tinha assinado um acordo para publicar, com a editora chinesa Blue Sky Publishing, o Travel Around China.]

Doris Lessing – Rumores davam conta de que a Presença tinha adquirido os direitos de toda a obra de Doris Lessing logo a seguir ao anúncio do Nobel. A agência de Lessing registou filas à porta; editores que tinham direitos “cativados” mas não pagos desde os anos sessenta, pediam renovações de contrato. Houve, recentemente, casos de corrida a direitos derivados do Nobel da Literatura – distante, o de Toni Morrison; mais recente, o de Orhan Pamuk. Quase todos os outros, na última década, ou não suscitaram interesse por aí além (Jelinek, Fo ou Pinter) ou já estavam tradicionalmente garantidos (Naipaul, Coetzee, Xingjian). Jane Friedman, a CEO da HarperCollins, que este ano publicou The Cleft, estava radiante; mas, curiosamente, não tinha livros de Lessing para oferecer ou, sequer, mostrar no stand.

Download – O mercado do livro conta cada vez mais com essa palavra: “Download.” Fazer download de um livro: 10% do mercado digital alemão já se faz com downloads.

Festa Random House/Bertelsmann – Antigamente, havia várias festas. Os anos de crise interromperam o curso de cocktails, apresentações, big cocktail parties, e jantares de grande parte da edição internacional. O gigante Bertelsmann/Direct Group/Random House (com o Círculo de Leitores português), até porque está em casa, continua a organizar a sua festa. Há cerca de quinze anos passou do Grand Ballroom do Intercontinental para o Grand Arabella (na Konrad Adenauer Straße). Duas mil pessoas que se acotovelam e reencontram. Há os incondicionais e os clássicos (entre eles, muitos portugueses); há os desinteressados e os que não lhe dão grande importância (“mas é necessário ir”). Lembro-me dos tempos em que, no Intercontinental, Reinhard Möhn recebia os convidados um a um – e não era permitido levar jeans. Havia menos gente, era mais elitista, mas comia-se francamente mais à vontade e não havia tantos espanhóis a falar tão alto. Este ano, os portugueses constituíam um bom grupo. A “fonte de chocolate” (uma enorme fondue de chocolate em cascata permanente) continua a ser um “must”. Encontrei o Lorenzo, da Nuova Frontiera, em plena rua, que me perguntou: “Está lá a fonte? Venho por isso.” Os americanos continuam a invadir a sala de sushi e a julgar que é tudo deles; paulatinamente são expulsos e reconduzidos à mesa de frutas; a fila dos grelhados era enorme. Este ano, a cerveja era Paulaner pilsener e o vinho era italiano. Fiquei reduzido a espetadas de frango (com João Rodrigues e Jordi Nadal, que tinha acabado de lançar a Plataforma Editorial).

Frankfurter Hof – O hotel clássico da Buchmesse, cuja esplanada estava cheia até depois das duas da manhã – fumadores resistiam ao frio da Alemanha. Mas o frio não afastava ninguém. Depois da meia-noite consegue reunir a maior concentração de agentes literários por metro quadrado. As agentes de Doris Lessing festejavam na escadaria da esplanada. Nenhum jornalista consegue boas histórias da Feira sem pelo menos duas a três horas de “investigação” no Frankfurter Hof. É o maior centro de rumores. Este ano não foi excepção nem faltaram rumores. Meia dúzia deles, muito picantes. Mas as salas de reunião do hotel, essas, estavam todas reservadas desde Maio, sobretudo por agentes americanos e ingleses, que preferem manter um dia, pelo menos, de contactos reservados antes de aparecer na Buchmesse.

Frankfurtfatigue Uma nova doença que se manifesta todos os anos em Outubro.

Fumar – A lei anti-tabaco entrou em vigor na Alemanha, e já é proibido fumar no interior da Buchmesse. Mas as portas mantêm-se abertas para a rua e havia duas zonas de fumadores nos limites (uma delas estava junto do press centre e outra perto do pavilhão alemão). Dois países criaram off-shores (a designação foi de Carlos da Veiga Ferreira, naturalmente): Portugal e a Argentina. Em ambas as áreas, havia um cantinho – muito visitado por gente de outras latitudes – para cigarrilhas (cada vez com mais “praticantes”), cachimbos (o de Zeferino Coelho) e cigarros. Na festa do Grand Arabella, havia uma sala de fumo onde não se conseguia ver nada a cinco metros de distância. Zeferino Coelho, sentado, comentava que se tratava de um cenário literário que lhe lembrava a lei seca americana. Centenas de pessoas passaram por lá; era a única sala do Arabella para onde os criados estavam autorizados a transportar bebidas; tudo o resto era self-service. No Frankfurter Hof, a rush-hour, que habitualmente terminava à meia-noite, foi prolongada diariamente até às duas; na sexta-feira, estendeu-se até às 3h00 – mas na esplanada. Houve gente previdente que trouxe sobretudos e anoraques para Frankfurt: fumar, na rua.

Grupos – Não sei bem se foi uma novidade actuante, a existência de três novos grupos de edição portuguesa (o de Pais do Amaral, que agrupa a Asa, a Caminho, a Texto e a Gaialivro; o da Oficina do Livro com a capital de risco Explorer e Invest, a que acabou de juntar-se a Teorema; e o da Bertelsmann/Direct Group, com o Círculo de Leitores, Bertrand, Temas e Debates e Quetzal). Havia curiosidade. E muita urbanidade, cavalheirismo: editores de um e de outro grupo conversavam nos corredores. Mas a ninguém escaparam as “nuances”, os segredos bem guardados e as alianças estratégicas. Novidades a seguir.

Ilídio Matos – O único agente literário português mantinha a sua presença clássica. É mais do que uma figura – uma referência para a história da edição. O nosso Grande Tio. Se há pessoas cuja autobiografia ensinaria muito sobre a edição portuguesa (como a de Figueiredo Magalhães, por exemplo – o editor da velha Ulisseia), a de Ilídio Matos seria uma delas.

José Rodrigues dos Santos – Curiosidade à sua volta? Nem tanto. Mas o jornalista foi visto aqui e ali, em negociações. O novo livro vai ser pré-publicado pelo Diário de Notícias. E o autor está na categoria dos “protagonistas”, o que é uma boleia para as livrarias. Façam contas.

Keith Richards – O guitarrista dos Rolling Stones vai estrear-se como romancista. Quem deu a novidade foi o agente literário Ed Victor; exactamente o mesmo que, este ano, já tinha vendido a autobiografia de Richards à Little, Brown por um preço que rondava os sete milhões de dólares.

PFD - Foi curioso ver Pat Kavanagh, a agente literária e mulher de Julian Barnes, entrar no Frankfurter Hof pela porta das traseiras, mas muito, muito vista e comentada; ela é uma das mais respeitadas agentes britânicas (e de bons autores, naturalmente), que tinha acabado de abandonar os quadros da PFD, a maior agência do país, depois de a CSS ter tomado conta da empresa. Pat Kavanagh leva consigo autores como Ruth Rendell ou Robert Harris; mas ainda não se sabe o que acontece a nomes como Nick Hornby, Alain de Botton, John Mortimer ou Margaret Drabble (para além de actrizes como Kate Winslett). A nova patroa da PFD é Caroline Mitchell, que vem da agência William Morris (e casada com o antigo patrão da Faber & Faber). Cerca de metade dos quadros da PFD ameaçaram demitir-se; um quarto deles (23) já saiu. E Mitchell não apareceu na Buchmesse.

Roger Moore – O agente Lesley Pollinger anunciou o livro de Roger Moore, My Word is My Bond; a título de curiosidade, apenas, para mencionar que se trata de uma venda de 3 milhões de euros. Essa era a base mínima para negociar.

Salada de batata – A salada de batata do pub da Feira mantém as suas qualidades: deixa-se sempre a meio. Mas as salsichas melhoraram nos últimos anos. Curiosamente, no meio de tanto puritanismo, a Buchmesse ainda não transigiu em matéria de cerveja de pressão: não há alkoholfrei bier de pressão nos bares e cafés do recinto.

Zita Seabra – O Correio da Manhã deu-a como candidata à liderança do grupo parlamentar do PSD mas ela estava na Feira a negociar a edição inglesa de Foi Assim. Ainda não tem título; havia uma sugestão, a de It’s All, Folks, mas não deve pegar. Um dos livros de que Zita Seabra comprou os direitos foi Prolétaires de Tous les Pays, Excusez-moi, de Amandine Regamey.

Publicado no Origem das Espécies.

10 outubro, 2007

Pinto do Amaral na rádio







Fernando Pinto do Amaral é o convidado da emissão do hoje do Escrita em Dia; sobre a mesa, o seu mais recente livro, A Luz da Madrugada (edição Dom Quixote).

09 outubro, 2007

Leitura partilhada

O blog Leitura Partilhada dedica o seu mês de Outubro a Flores do Mal, de Baudelaire. Vá e participe.

08 outubro, 2007

Don Delillo

Um Homem em Queda: a edição brasileira está aí, e pode ler uma introdução ao livro de Don Delillo (Falling Man) sobre o 11 de Setembro, assinada por Almir de Freitas, na edição de Outubro da Bravo!. O livro será publicado em Portugal pela Sextante ainda neste mês de Outubro.

Philip Roth: o novo livro

O novo romance de Philip Roth, Exit Ghost, traz de volta Nat Zuckerman. Aqui está a apresentação, no The New York Times. No The Guardian. E um primeiro capítulo para leitura de curiosos.

Best sellers nos EUA

Esta é a lista dos livros mais vendidos, segundo o Los Angeles Times. À frente vai Khaled Housseini. Em sexto lugar, Philip Roth.
Na lista do The New York Times, em primeiro lugar vai Playing for Pizza, de John Grisham.

Disliking the McCanns

O caso Maddie McCann já chegou à London Review of Books: «The sad fact is that this man cannot speak properly about what is happening to himself and his wife, and about what he wants. The language he uses is more appropriate to a corporate executive than to a desperate father. This may be just the way he is made. This may be all he has of himself to give the world, just now. But we are all used to the idea of corporations lying to us, one way or another – it’s part of our mass paranoia, as indeed are the couple we see on the screen. No wonder, I think, they will not speak about that night.» É um artigo de Anne Enright.

19 setembro, 2007

Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional

«Aquilino fez da escrita um espelho do mundo e uma arma de intervenção. Foi (e é) exemplo de fidelidade à terra, de fidelidade à Língua Portuguesa, de fidelidade à República e à liberdade», afirmou António Valdemar na cerimónia de trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional.

Ler notícia no Portugal Diário; no site da RTP; no Público (também aqui); infografia sobre o Panteão Nacional; polémica no Diário de Notícias.
Veja-se o resumo da discussão, por Eduardo Pitta. Ver os dois textos de Pedro Mexia sobre o tema.

Sobre Aquilino Ribeiro: na Wikipedia; o link do Instituto Camões; Projecto Vercial.


COMENTÁRIOS PARA A DISCUSSÃO:
«Aquilino Ribeiro já está no Panteão. Algumas vozes – poucas – discordaram. É normal. Sucedeu o mesmo com Amália Rodrigues e Humberto Delgado, como deve ter sucedido com todos os outros inquilinos. Se ninguém discordasse era um forte sinal de que não mereceria estar lá. A unanimidade não engrandece, diminui.» Tomás Vasques no Hoje Há Conquilhas.

«Aquilino (que ainda tive a honra e o prazer de conhecer e ouvir) sempre foi um homem de intervenção, directo, frontal, sem hesitações. Voltou a sê-lo hoje, de novo, pela voz de António Valdemar, reclamando a ausência dos seus livros das recomendações de leitura nos programas escolares. Ele que, apesar de tudo, estava recomendado, há 70 anos, durante o salazarismo, deixou de o ser agora durante o actual regime democrático. Sócrates, presente na cerimónia, fez cara feia e foi o único a não aplaudir.» Nelson de Matos, no Textos de Contracapa.

«A simples ideia de um Estado de direito no Portugal de 1908 é uma curiosa extravagância. O assunto ganharia em ser visto ao contrário: se ficar provada a tese da participação no regicídio (como Mendo Castro Henriques pretende demonstrar num livro a publicar ainda este ano), a homenagem fará todo o sentido. Afinal, Aquilino teria contribuído para o derrube da monarquia.» Eduardo Pitta, no Da Literatura.

«Amanhã – e por mim, por nós (
frenesi), nada obsta – vão descarregar os ossos do escritor e carbonário Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional. Nem pelo símbolo, mas pelo espaço a ir ocupar, preocupa-nos se ainda lá cabe. Outrossim, há a levar em conta o que a ética obriga a projectar-se no mundo físico, sendo que figura cultural de um tal gabarito nunca deveria ser deixada às portas da Eternidade posto na horizontal, mas sim da crosta para o centro da Terra, jus se lhe faça à verticalidade. À boa maneira dos astecas: que sempre dará para meter mais um.» Paulo da Costa Domingos, no Blog Frenesi.

«Aquilino Ribeiro, "ateu e republicano que lutou contra várias ditaduras" segundo entrevista da rtp ao Prof. Fernando Rosas, foi transladado para uma Igreja, para ficar ao lado de Sidónio Pais e de Oscar Carmona. Um favor que lhe fizeram, portanto.» Diogo Belford Henriques, no 31 da Armada.

«Nem todos os apaniguados da República estão contentes com a trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Eu, por exemplo, acho que a República não precisava de matar ninguém para ser instaurada. Não concordo com a glorificação de pessoas que fizeram do homicídio uma forma de afirmação política. Nada de meter toda a gente no mesmo saco. Poderá dar jeito mas não é rigoroso nem verdadeiro.» Jorge Ferreira, no Tomar Partido.

«Vão meter, ou já meteram, o Mestre Aquilino no Panteão. Com escândalo de velhas corujas que devem ter saído dos ovos das ainda mais velhas corujas que perseguiram o Mestre, bicando-lhe as canelas. E eu que de Aquilino Ribeiro só um livro lhe consegui ler, passo ao lado da algazarra. Por três razões simples: primeiro, porque o anarquista Aquilino se deve estar nas tintas sobre onde lhe enfiam os restos; segundo, no silêncio do Panteão já lhe dorme a maior parte da obra; terceiro, quem não lhe conhece a obra, por preguiça literária, caso meu, não tem direito aos galões de seu defensor.» João Tunes, no Água Lisa.

«Como o regime está desvalorizado o Panteão fica desvalorizado: depois das raves do Harry Potter em que o Panteão foi "alugado" por 500 euros a uma editora, depois da Amália Rodrigues estar lá, depois do pateta e incompetente do Manuel de Arriaga estar lá, este último com direito a discurso do Sampaio em que diziam as alarvidades do costume sobre o "grande lutador de liberdade", o que é que um grande escritor como o Aquilino faz lá? Esta seria a pergunta simples, ele há tanto escritor igual ou melhor que o Aquilino, porquê este senhor e não outro qualquer? Creio que Aquilino faz lá pouco. Ele faz pouco e estão a fazer pouco daqueles que têm memória. A companhia não é grande coisa: o Guerra Junqueiro, o Garrett e o João de Deus escapam à mediocridade geral, mas também não são grandes figuras universais. Aquilino foi de facto um grande escritor apesar dos constantes regionalismos que fazem dele um escritor pouco capaz de ultrapassar as fronteiras portuguesas. Mas a questão não é essa: Aquilino como cidadão não foi exemplar. Organizou, a par de muita outra gente, um regicídio organizado pela carbonária, instruída pela maçonaria e pago por traidores monárquicos, descontentes com a questão dos tabacos e fósforos. O regicídio foi um crime hediondo, não foi um acto revolucionário, foi um assassinato na praça pública de dois homens, um Rei de portugal e o seu filho. Os regicidas podiam ter morto também D. Amélia e D. Manuel, apenas por serem mulher e filho mais novo de D. Carlos. Um crime que se dá num país democrático onde Afonso Costa era deputado às cortes e onde podia, inclusivamente, apelar ao assassinato do rei sem ser preso, tal como fez em 1906.» Henrique Silveira, no Crítico Musical.

Pó dos livros

Já abriu, na Av. Marquês de Tomar (n.º 59), em Lisboa, a Pó dos Livros: uma aposta de qualidade (com a marca da editora Tinta da China...), com um bom fundo de catálogo e não apenas títulos recentes, novidades estrangeiras -- e ainda um café para folhear os livros acabados de comprar ou em dúvida para meter no cesto de compras. Boa novidade esta.

Ninguém esquece






Dia 8, a Feira de Frankfurt homenageia Ray-Güde Mertin, a agente literária que mais contribuiu para a divulgação da literatura de língua portuguesa, falecida em Janeiro passado.
Ver aqui evocação de Ray.

De saída

Marta Morais, que nos últimos meses estava à frente da área editorial da Ambar, está de saída. Ainda não anunciou os seus novos projectos profissionais.

Best sellers portugueses

Best-sellers na Fnac:
1) A Estrela de Joana, de Paulo Pereira Cristóvão [Presença]; 2) O Segredo, de Rhonda Byrne [Lua de Papel]; 3) Pura Anarquia, de Woody Allen [Gradiva]; 4) Quem nos Faz como Somos, de J.L. Pio Abreu [Dom Quixote]; 5) Bala Santa, de Luís Miguel Rocha [Paralelo 40]; Pânico, de Jeff Abbott [Civilização]; Um Pequeno Grande Amor, de Fátima Lopes [Esfera dos Livros]; A Dama Negra, de Nora Roberts [Chá das Ciinco]; A Menina que Nunca Chorava, de Torey Hayden [Presença]; 10) Canário, de Rodrigo Guedes de Carvalho [Dom Quixote].

Esta é a lista de best-sellers das Livrarias Bertrand.

Best sellers espanhóis

Lista de best-sellers em Espanha (fonte: El Mundo): ficção, não-ficção.

Acordo Ortográfico

Enquanto no Brasil se discute o Acordo e em Portugal o silêncio é preocupante, o embaixador português em Brasília escreve sobre o assunto; é este o texto de um artigo de Francisco Seixas da Costa no Estado de São Paulo:
«Portugal defende, como sempre defendeu, a importância de se caminhar num processo de harmonização ortográfica, em especial pela dimensão estratégica desse passo na capacidade de afirmação da Língua Portuguesa no mundo. Noto que, pela parte portuguesa, o Acordo assinado em 1990 poderia ter entrado em vigor em 1994, o que não aconteceu por razões a que Portugal foi então alheio. A circunstância de tal não ter ocorrido acabou por suscitar no meu país uma reflexão mais amadurecida sobre os efeitos, em especial editoriais, das mudanças que o acordo implicaria. O Governo português não pode deixar de ser sensível a este debate, tanto mais que as alterações que atingiriam a norma de Portugal são bem mais significativas que no Brasil. É do saldo final dessa reflexão, a qual deverá também atentar nos períodos de vigência dos manuais escolares, que vai depender a definição da posição portuguesa, que também tem de passar pelo necessário período de adaptação, antes da vinculação definitiva a uma futura norma comum.

Nas relações luso-brasileiras, parece por vezes existir um tropismo no sentido da dramatização das pequenas dissonâncias, como se o entendimento mútuo tivesse ciclicamente de passar por renovadas provas. A questão do Acordo Ortográfico parece estar a ser um desses temas, como se uns anos a mais ou a menos na conclusão de um texto trouxessem algum mal ao mundo, que viveu sem ele até agora.»

Ver também artigo de Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, na Visão.

18 setembro, 2007

Agentes, cuidado

Robert Harris comanda uma rebelião contra a sua agência, a PFD, que abandonou. Outros autores também o seguiram, bem como parte do staff da própria agência. Em causa, a nomeação de Caroline Michel como CEO. Notícia desenvolvida no The Independent.

Autores & editores

Muitos autores no primeiro encontro promovido pela nova administração do grupo editorial que conta com as editoras Texto, Asa, Caminho e a Gailivro (para já...). Isaías Gomes Teixeira, o CEO do grupo (ainda sem designação) garantiu que a formação do maior grupo editorial português não era possível sem contar com os autores portugueses; o objectivo seria constituir o maior grupo editorial com mais autores de língua portuguesa. O encontro, um jantar, decorreu num hotel de Lisboa, e entre os autores encontrava-se José Saramago, entre outros.

Best sellers nos EUA

Em matéria de ficção e de não ficção.

Turbulência

The Age of Turbulence é o livro do antigo presidente da Reserva Federal americana; no The New York Times, uma crítica ao livro e à subtileza de Greenspan; e também no Los Angeles Times.

O islamofascismo?

World War IV: The Long Struggle Against Islamofascism, de Norman Podhoretz (edição americana da Doubleday), polémico e frontal, lido por Ian Buruma, o autor de A Morte de Theo Van Gogh e os Limites da Tolerância (edição portuguesa na Presença). Buruma é simplesmente brilhante: ele mostra que se pode combater o perigo do «islamofascismo» sem se ser «islamófobo». Um artigo a ler, na The New York Review of Books.

Porquê a França?

Por que razão a França os fascina tanto? O Libération explica, em meia dúzia de linhas, a razão por que o país foi tão fascinante, não só para escritores americanos mas, também, para historiadores do outro lado do Atlântico.

A ameaça da net

Paul Duguid comenta o livro de Andrew Keen, The Cult of the Amateur. How today's internet is Killing our Culture (edição americana na Doubleday) e pergunta isso mesmo: é a internet uma ameaça para a cultura? Pergunta nada discreta.

Isabel Stilwell










Isabel Stilwell é a convidada do Escrita em Dia de amanhã, quarta-feira, 19. Sobre a mesa, o seu romance Filipa de Lencastre (edição Oficina do Livro).

12 setembro, 2007

Booktailors / Blogtailors

Nuno Seabra Lopes e Paulo Ferreira criaram a Booktailors [Consultores Editoriais] e o Blogtailors é o seu blog. Na definição dos seus autores, o Blogtailors é um «espaço onde todos os interessados em edição, profissionais ou curiosos, possam participar e conversar sobre edição. É um lugar para fazer amigos e trocar opiniões.» Quanto à Booktailors, está já a funcionar como scout para algumas editoras portuguesas.

08 setembro, 2007

Rentrée française

Na rentrée francesa, destaque para Eric Reinhardt, Marie Darrieussecq e Amélie Nothomb, na leitura do Le Monde.
[Sobre a rentrée francesa, ver também este post.]

Booker

Acompanhe, através do The Guardian, as notícias sobre o Booker Prize:
Former outsider pips McEwan as shortlist favourite
John Crace: the digested shortlist; Blog: what do you think of the list?;

Partilhar Milton









O Leitura Partilhada, um dos blogs de referência em matéria de leitura presencial na internet dedica o mês de Setembro a Paraíso Perdido, de Milton.

Nelson regressa

Nelson de Matos, depois da Dom Quixote (e, antes da Moraes) e da Ambar, regressa à edição com a sua chancela própria. Leia a entrevista publicada pela Notícias Magazine e acessível no seu próprio blog.

06 setembro, 2007

Vargas enquanto leitor







«As melhores coisas da minha vida aconteceram-me lendo», é este o resumo de uma entrevista de Mario Vargas Llosa ao El Pais. Texto integral aqui: «Una persona que lee, y que lee bien, disfruta muchísimo mejor de la vida, aunque también tiene más problemas frente al mundo.»

Zimler continua o Cabalista

Em 1990, Richard Zimler descobriu numa cave de Istambul sete manuscritos do século dezasseis textos escritos por um cabalista chamado Berequias Zarco. Um deles narrava o pogrom de Lisboa em 1506 e a recriação dessa narrativa por Zimler resultou em O Último Cabalista de Lisboa. Mas, o que revelavam os outros seis manuscritos? É esse o tema do novo romance, A Sétima Porta, publicado pela Oceanos. O lançamento terá lugar no dia 27 de Setembro, às 18h30, no El Corte Inglés de Lisboa e contará com apresentação de Maria João Seixas.

Rosa e a Alma Trocada

A Alma Trocada, novo romance de Rosa Lobato de Faria será lançado na Casa Fernando Pessoa no dia 26 de Setembro, às 18h30. A apresentação ficará a cargo de Luiz Francisco Rebello.

Cladio Magris trata o mito de Orfeu

O título do novo romance de Claudio Magris é Así que Usted comprenderá, uma tentativa de explicação do mito de Orfeu e Eurídice. Edição espanhola na Anagrama; no El Pais, Magris esclarece: «Es una historia de amor por una existencia compartida, con muchas de sus glorias y de sus mezquindades. El poeta es un ser árido cuya vanidad le pone en constante peligro de enamorarse de su poema, y no de la mujer al que está dedicado. De utilizar a la mujer como un escudo entre él y la vida. La mujer es mucho más valiente que él hombre. Mi madre y Marisa eran mujeres valientes.»
Os livros de Claudio Magris estão publicados em Portugal pela Asa.

Citações a gosto

Conheça, aqui, algumas das novas entradas & citações do Oxford Dictionary of Modern Quotations, cuja nova edição acaba de sair.

Ashberry, poeta na televisão

John Ashbery é o primeiro poeta distinguido pela mtvU, o canal universitário norte-americano da cadeia MTV. Excertos dos seus poemas serão divulgados durante a programação do canal, procurando captar a atenção dos estudantes para um concurso de poesia a realizar em breve. O director geral da mtvU, Stephen K. Friedman, revelou que John Ashbery é o nome ideal para motivar uma nova geração de poetas. Ashbery, que já venceu praticamente todos os grandes prémios americanos de poesia, é habitualmente reconhecido como um dos mais importantes poetas dos EUA. Influenciado pela leitura compulsiva de W.H. Auden, Dylan Thomas ou Wallace Stevens, foi cedo catalogado também como descendente do surrealismo francês e integrou o grupo da «escola de Nova Iorque», com nomes como Kenneth Koch, Frank O'Hara ou James Schuyler. (Via Mundo Pessoa).

Mia em Passo Fundo

Mia Couto ganhou V Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2007 (atribuído pela Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil) com o romance O outro pé da sereia (Caminho, 2006). Informação aqui.

Rodrigo

O primeiro programa de Setembro, no ar a 12 às 23h12, vai ter como convidado Rodrigo Guedes de Carvalho. O tema é, inevitavelmente, o seu próximo romance, Canário, a lançar dia 20, com edição da Dom Quixote.

05 setembro, 2007

Best-sellers USA




Esta é a lista de best-sellers de ficção do The New York Times; destaques para A Thousand of Splendid Suns, de Khaled Hosseini. No caso da não-ficção, já está em quinto lugar o livro de Christopher Hitchens, God Is Not Great.

Coetzee, novo livro













J.M. Coetzee, Prémio Nobel da Literatura em 2003, publicou o seu novo livro em Inglaterra (em Janeiro de 2008 nos EUA) com o título Diary of a Bad Year. Está aqui um extracto. E aqui uma crítica, no The Independent.
«Every account of the origins of the state starts from the premise that "we"—not we the readers but some generic we so wide as to exclude no one—participate in its coming into being. But the fact is that the only "we" we know—ourselves and the people close to us—are born into the state; and our forebears too were born into the state as far back as we can trace. The state is always there before we are.»

Lugares imaginários










Ao longo de uma vida de leitores coleccionámos lugares que só existem na literatura; nenhum mapa do mundo real pode registá-los. O Dictionary of Imaginary Places, de Alberto Manguel (autor de Uma História da Leitura, publicado em Portugal pela Presença), é um instrumento notável para conhecer alguns deles. Agora, na net existe um site que explora a geografia imaginária da chamada literatura de fantasia. Vale a pena dar uma vista de olhos.

Kerouac, recordações de uma viagem pela estrada fora








O The New York Times publica um bom dossier sobre os cinquenta anos de On The Road e a figura de Jack Kerouac. Alguns dos textos a «recortar» para ler depois: «Still Vital, ‘On the Road’ Turns 50», de Motoko Rich e Melena Ryzik; «You Don't Know Jack», sobre a biografia de John Leland, Why Kerouac Matters. The Lessons of ‘On the Road’ (They’re Not What You Think) (Viking); e «On the Road Again», de Luc Sante. Por curiosidade, pode ainda ler-se, em fac-simile, a primeira crítica a On The Road, por Gilbert Millstein, em 1957, no NYT.

Deus não é grande coisa

God Is Not Great. The case against religion, é o novo livro de Christopher Hitchens (edição inglesa na Atlantic; americana na Twelve). Leia uma crítica no The Times Literary Supplement.

Perfeitamente dispensáveis









A Lire deste mês troca as voltas ao mundo da edição: publica um dossier sobre as anunciadas obras-primas da rentrée e que não passam de livros perfeitamente dispensáveis. A lista é variada e é um golpe na publicidade dos editores.

Miserable Bastards!

Martin Amis zangado: segundo o The Independent, o escritor «has launched an attack on "miserable bastards" in the British Muslim community, accusing them of trying to destroy multicultural society by failing to "fit in" with other faiths.» Peça completa aqui.

A propósito de Martin Amis, leia também os avisos de Lady Hilly Kilmarnock, que foi casada com o pai de Martin, Kingsley Amis: «Don't make same mistakes as your dad.»